quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Ao Amor Antigo

O amor antigo vive de si mesmo, 
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porem, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

 - Carlos Drummond de Andrade - 

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